O Amor, O Ridiculo e a Vergonha
"Ser feliz por momentos é algo de que não se deve ter vergonha.
Momentos que o fim torna ridículos. A felicidade, como o amor, é um sentimento ridículo. Mas a felicidade, como o amor, só é ridícula quando vista de fora. A felicidade, como o amor, só é ridícula antes ou depois de si própria. A felicidade são momentos que, no seu presente fugaz, são mais fortes do que todas as sombras, todos os lugares frios, todos os arrependimentos. Ser feliz em palavras que, durante essa respiração breve, mudam de sentido.
E nem a forma do mundo é igual: o sangue tem a forma de luz, as pedras têm a forma de nuvens, os olhos têm a forma de rios, as mãos têm a forma de árvores, os lábios têm a forma de céu, ou de oceano visto da praia, ou de estrela a brilhar com toda a sua força infantil e a iluminar a noite como um coração pequeno de ave ou de criança. Momentos que o fim torna ridículos. Momentos que fazem viver, esperando por um dia, depois de todas as desilusões, depois de todos os arrependimentos e fracassos, em que se possam viver de novo, para de novo chegar o fim e de novo a esperança e de novo o fim.
Não se deve ter vergonha de se ser feliz por momentos.
Não se deve ter vergonha de memória de se ter sido feliz por momentos."
Uma Casa na Escuridão
José Luís Peixoto
Momentos que o fim torna ridículos. A felicidade, como o amor, é um sentimento ridículo. Mas a felicidade, como o amor, só é ridícula quando vista de fora. A felicidade, como o amor, só é ridícula antes ou depois de si própria. A felicidade são momentos que, no seu presente fugaz, são mais fortes do que todas as sombras, todos os lugares frios, todos os arrependimentos. Ser feliz em palavras que, durante essa respiração breve, mudam de sentido.
E nem a forma do mundo é igual: o sangue tem a forma de luz, as pedras têm a forma de nuvens, os olhos têm a forma de rios, as mãos têm a forma de árvores, os lábios têm a forma de céu, ou de oceano visto da praia, ou de estrela a brilhar com toda a sua força infantil e a iluminar a noite como um coração pequeno de ave ou de criança. Momentos que o fim torna ridículos. Momentos que fazem viver, esperando por um dia, depois de todas as desilusões, depois de todos os arrependimentos e fracassos, em que se possam viver de novo, para de novo chegar o fim e de novo a esperança e de novo o fim.
Não se deve ter vergonha de se ser feliz por momentos.
Não se deve ter vergonha de memória de se ter sido feliz por momentos."
Uma Casa na Escuridão
José Luís Peixoto
9 Comments:
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
101 e 102.
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sim...aquelas duas paginas de "só quero é morrer"...
sabes, este livro é tão a minha cara!
Acertaste em cheio!
Pena que não tenhas gostado da minha cara.
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oh please...
agora fiquei a falar sozinho.
que maçada!
que é para não ser esperto.
já tive disto... deixa lá, falas para quem te quer mesmo ouvir.
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